quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Mas nem tudo está perdido...



É, pierrô, o carnaval acabou... É melhor você comer berinjela com missô!

  Ta, eu sei que a rima é pobre... Tão pobre quanto o tamanho da minha decepção! Como pode o carnaval ter acabado dessa maneira? Ele foi morto e enterrado, ou melhor, enterrado vivo! As marchinhas e o samba foram dando lugar à música eletrônica e ao funk e as fantasias voltaram pro baú da vovó... Tudo bem, eu até que adoro uma batida, me perco com Gaga e um copinho de vinho, mas peraí’... Tudo tem seu momento, né?!

No carnaval de rua do meu bairro, por exemplo, ninguém se importava com os blocos de carnaval, parecia que um ser estranho havia invadido a rua, e samba no pé então... Oh povo ruim de swing! Tudo bem que em alguns pontos do Rio de Janeiro o carnaval da antiga ainda é bem conservado, que o diga a turma do Cordão. Mas por sua vez, alguns pontos da cidade nem sequer tinham carnaval... Cadê as melindrosas eufóricas, os clóvis coloridos, os macacos de plástico, cadê a colombina, o pierrô, o arlequim? É por essas e por outras que muitas pessoas acabam  desanimando... E se as turmas de foliões apaixonados não continuarem se esforçando, tenho medo de que o carnaval se transforme de tal maneira que deixe de existir!

  Mas vale destacar aqui o verdadeiro carnaval, pelo menos ao meu ver...
  Pra quem gosta do carnaval tradicional, que tem origem européia, vale à pena embarcar nos blocos famosos do centro da cidade do Rio de Janeiro, ou pegar carona na beleza do sambódromo, seja aqui na Cidade Maravilhosa ou na Terra da Garoa. Vale ainda pegar um avião e dar uma passeada pela região nordeste brasileira. Os Pernambucanos conservam a tradição do carnaval de rua com êxito, e até "foliões gigantes" entram na brincadeira ao som do frevo, dá ainda pra pegar uma carona com o Galo da Madrugada. Se você resolver ir pra Bahia então a diversão é garantida, não tem povo mais caloroso! Que o diga o povo de Salvador e seus circuitos carnavalescos famosíssimos: Dodô, Osmar e Batatinha, contando com a presença de artistas arretados, que sabem muito bem fazer a galera mandar ver no Rebolation. Agora... Se o lance é lembrar dos tempos da vovó e tirar a colombina do baú, é só dar uma passada no centro histórico de Salvador, o Pelourinho; nada de trios elétricos, mas muita marchinha, banda de frevo, grupos folclóricos, mascarados, serpentinas, confetes, iluminação cênica... É magnifique! Até as crianças ganham espaço por lá, nos bailes infantis que são realizados à tarde e as "baianas" então nem se fala, são bonecas gigantes, com roupas típicas e uma delas até se destaca por lembrar Carmem Miranda, a grande portuguesa divulgadora da MPB nos Estados Unidos!

  Tomara que estes carnavais continuem existindo e arrastando foliões que ainda sabem apreciar carnaval de verdade, porque ir pro carnaval pra dançar funk, galera ...
No way!!



                                                           P. Contradiction! =*

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Rio de Janeiro


... Eu sou teu filho
Quero que sinta o sal do mar em minha boca quando te beijar

(...)

Jamais poderei descrever em meus versos
A energia do sol, a natureza
E que o futuro nos mereça
Espelho das águas ilumina
Reflete meu desejo de ostentar
Esse estandarte aonde quer que eu vá ♪♫

                                                (Rio de Janeiro - D' Black)

     Tô voltando, Rio! =D

             

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A impressão que eu tenho

 Clarice Lispector

Sábado, 19/12/09

               Lá pelas tantas da tarde, me preparava para encontrar meu namorado e, como de costume, dava uma passeada pelo Orkut, fiscalizava minhas comunidades (tenho sempre que fazê-lo, porque sou extremamente momentânea e vez por outra me deparo com comunidades que não tem nada mais a ver comigo), encontrei lá a da Clarice Lispector (para quem não conhece, Clarice foi uma escritora brasileira que mudou a literatura, tinha características tão próprias que até hoje é difícil de encontrar escritores com seu "estilo", surpreendendo até a crítica com sua inovação.). Neste dia me bateu uma vontade súbita de entrar na comunidade e dar uma checada no fórum. Deparei-me com o tópico criado por um cidadão, cujo nome não vou mencionar (mas a foto de perfil dele era um retrato do Bush, o que, diga-se de passagem, transmite a idéia de uma pessoa no mínimo desequilibrada) que mexeu muito com a ponta da minha língua, ou melhor... Dos meus dedos.

O tópico tinha o título: "A impressão que eu tenho"; neste o cidadão postou a seguinte descrição:
"A impressão que eu tenho é que muita gente só gosta de Clarice pelas frases "profundas" que ela diz que se tornaram objeto de adorno de uma pletora de perfis de Orkut. Isso a muito me assusta - eu pelo menos admito não entender muito do que ela diz, mas a respeito do mesmo jeito. Apenas me incomodo com a vontade de alguns de se prender a alguma coisa que os "intelectualize", mesmo sem eles realmente entenderem do que estão falando. É uma tragédia ver a literatura ser tratada dessa maneira."

Por um minuto fiquei parada na frente do computador pensando o que havia levado o camarada a dizer isso. Várias coisas passaram pela minha cabeça na hora, mas não senti raiva dele, pensei que ele poderia ser assim porque o que lhe faltava era humildade, o que já era de se esperar, por fatores evidentes (rsrs').
Tive de expor a minha opinião. Busquei um texto de Clarice para, a partir daí, desenvolver o que eu queria. O escolhido foi um trecho do livro Aprendendo a viver, que dizia:

Escritora, sim; intelectual, não
Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar, sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade.
[...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora?
O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”

Feito isto expus minha opinião com numerosas linhas, falei muito, o que não pretendo repetir aqui. Enfim... Permiti-me então dividir isto com vocês e expor aqui o que eu penso sobre o que o cidadão escreveu. Vou usar uma das minhas teorias para descrever o que ele devia estar fazendo no momento.

O pupilo do Bush estava no aconchego de seu lar, sem nada melhor pra fazer, quando resolveu fuçar a vida alheia no Orkut. Se dando conta de que muitas pessoas possuíam frases de Clarice no Orkut, ficou extremamente revoltado, porque ele quer ser o dono de tudo, ATÉ DO PETRÓLEO! (Por motivos óbvios... hehe) Só ele pode ter frases de Clarice no perfil, já que com toda a sua intelectualidade aparente isto não pareceria mero adorno. Tomado por um impulso resolveu criar o tópico mencionado anteriormente.

Tudo bem! Vocês devem estar se perguntando: "Mas e daí?! É a opinião do cara!". Perfeito, concordo! Não pretendo crucificá-lo (embora pareça...), o camarada teve lá suas razões para dizer isso. O que me incomodou foi ele dizer que as pessoas que possuíam frases da Clarice a possuíam por mero adorno. Já que pra bom leitor um pingo é letra, o que ele quis dizer, nas entrelinhas, era que esta era uma maneira dos "burros" se acharem inteligentes. Ele foi, portanto, preconceituoso! (Não se enganem com aquele rostinho simpático... hehe) Quando na realidade o único pseudo-intelectual da história é ele... Reparem: "(...) eu pelo menos admito não entender muito do que ela diz, mas a respeito do mesmo jeito. Apenas me incomodo com a vontade de alguns de se prender a alguma coisa que os "intelectualize", mesmo sem eles realmente entenderem do que estão falando." (Tá bom, quem é inteligente agora?!)

Voltando ao objetivo inicial deste post, devo dizer que discordo do pupilo, em partes. Até concordo que muitas pessoas só colocam estas frases por puro adorno, mas e daí?! O importante é a literatura, de uma forma ou de outra, ainda sobreviver hoje em dia, mesmo depois de a nossa cultura ter sido massacrada pela Dança do Creu (nada contra até que o creu é divertido e exercita!). Então, já que a própria Clarice não se considerava intelectual, é importante que se considerando ou não intelectual cada um tenha a liberdade para se utilizar dessas frases para expressar seus sentimentos, assim como Clarice fazia. Adorno ou não, nossa literatura estará desta forma difundindo-se, deixando de ser privilégio de uma minoria que nem mesmo lendo textos maravilhosos como os desta escritora conseguem ter um pouco mais de humildade! Criticando quem entende e sente Clarice.

Portanto não às aparências! Não adianta intelectualidade se faltar sentimento, porque entendendo ou não o que lemos, temos apreço por aquilo que toca o nosso interior e não pelo que permeia a nossa mente! (fikdik) ;)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ai, que saudades da Amélia!

♪ Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer

Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade ♫


(Ataulfo Alves e Mário Lago compuseram esta música, e a mesma foi lançada em 1942, quando minha avó ainda usava calcinha de renda. Foi regravada por vários nomes da MPB, tendo direito até a uma versão com Gabriel o Pensador e Fundo de Quintal.)



  Há quem pense que Amélia era o capacho do marido, que ela era alguém sem personalidade, subordinada aos caprichos do mesmo, mas tenho outra teoria. Segundo minha idéia em relação a isso, seria muito bom se cada um de nós tivessem um pouquinho só de Amélia. Sim, porque pra mim Amélia era uma mulher de fibra e que, embora soubesse de todas as dificuldades que enfrentava com o marido, ainda assim não desejava mais nada além de estar ali...

  Amélia era ainda jovem quando se apaixonou. Ela sabia exatamente o quanto amava aquele homem e sabia também até onde chegaria com ele.
Amélia e seu amado passaram anos juntos, até que resolveram se casar. As dificuldades de início de casamento eram grandes e os dois passavam por todas elas juntos. O marido se queixava, mas Amélia retrucava às suas reclamações, deixando claro que estava ao lado dele acontecesse o que tivesse de acontecer.
Não é verdade o que pensavam de Amélia... Acreditavam que Amélia era uma mulher triste e subordinada ao marido, cedente aos seus caprichos e simples presença de corpo na cama, mas Amélia estava longe disso. A relação dos dois era maravilhosa, eles se respeitavam e se amavam, fazendo com que toda a dificuldade que passavam fosse superada com bom humor e paciência.
Apesar de tudo Amélia tinha sonhos. Sonhava com uma casa grande e um bonito jardim, espaço para as crianças brincarem e uma boa renda, mas algo que suprisse as suas necessidades. Não queria luxo por luxo! Assim Amélia viveu longos anos com seu amado e a vida deles mudou muito, para a melhor!


  Essa é a minha interpretação para Amélia. Uma mulher com pouquíssima vaidade que se alegrava diante a um sorriso, que ria com o seu marido, que batalhava sempre, apesar de tudo. Uma mulher com características que faltam hoje dia em muitas mulheres (e homens)!

  Penso, sobretudo, que seja este um dos motivos pelo qual as relações atuais não dão certo, ou são totalmente desestruturadas, perigando a desabar a qualquer momento. Não estou culpando as mulheres por isto, de forma alguma quero desenvolver um pensamento machista. Muito pelo contrário... Acredito que muitos homens hoje em dia, como já antigamente, não se prendem a ninguém mesmo por valores estabelecidos pela própria sociedade, levando em conta aquela velha e burra idéia de que "homem que é homem, tem mais de uma mulher...", como se isso fosse algum sinal de "macheza". Assim como muitas mulheres também desistiram de ser fiéis. Isto para mim é pura ignorância.
  O que eu realmente acho é que, independente de algumas pessoas pensarem desta maneira, muitas outras querem sim uma relação de verdade, uma relação de fidelidade e companheirismo (tudo bem, eu sei que isto é quase utopia, embora ainda acredite no futuro de uma relação com todos esses valores...). E se nos permitirmos pensar sobre isso sem preconceito, veremos que muitas das vezes as relações não dão certo porque existem homens e mulheres que se prendem ao outro por motivos fúteis e banais. As relações cada vez mais tem se baseado em interesse; as pessoas ficam juntas por dinheiro, por comodidade, por verem alguma maneira de se aproveitar do outro, e que eu acho ainda pior, apenas para ter alguém do lado, mesmo que não faça nem seja feliz!

  Não sei de certo o que Ataulfo e Mário pensavam ao compor esta canção, mas se eu a compusesse teria a seguinte idéia na cabeça: Amélia seria a personificação de uma relação estruturada em cima de nobres valores: amor, companheirismo, fidelidade, alegria, vontade de fazer o outro feliz, de estar com o outro, de lutar com o outro e pelo outro. Que para mim é tudo o que falta nos relacionamentos atuais. Por isso, devemos sempre que iniciar uma relação, pensarmos se poderíamos ser ao lado desta pessoa, Amélias. Desta forma, proporcionaríamos a nós mesmos aquilo que todos procuram, a tal felicidade!